julho.2024

Esperança de vida paulista resgata tendência de crescimento

RESUMO

A estimativa da esperança de vida para o Estado de São Paulo em 2023, realizada pela Fundação Seade, alcançou 77,2 anos, superando o maior valor já atingido no Estado (77,0 anos em 2019). O crescimento acumulado em 2022 e 2023 foi de quatro anos e confirma a recuperação dos indicadores de longevidade, após rápido declínio causado pela elevação da mortalidade durante o período da pandemia de Covid-19 (2020 e 2021), que representou 3,8 anos perdidos na vida média paulista. A esperança de vida masculina foi estimada em 74,0 anos, com aumento de um ano em relação a 2022, enquanto a feminina correspondeu a 80,3 anos, com acréscimo de 0,9 ano na comparação com 2022. Os ganhos de vida média acumulados pela população masculina e feminina, em 2022 e 2023, asseguraram a reversão das perdas ocorridas durante a pandemia. Nas regiões analisadas, os indicadores de esperança de vida ao nascer alcançaram ou superaram o patamar de 2019: no município de São Paulo a estimativa passou de 77,9 para 78,5 anos, entre 2019 e 2023; na Região Metropolitana de São Paulo, de 77,2 para 77,7 anos; e no interior, de 76,9 para 76,8 anos.

A sobrevivência dos idosos foi avaliada por intermédio da expectativa de vida aos 60 anos que, em 2023, atingiu 22,6 anos e superou a de 2019 (22,3 anos). Para as mulheres, essa estimativa foi de 24,3 anos e, para os homens, de 20,6 anos. Em ambos os casos, os indicadores atuais superam aqueles de 2019, sendo que o diferencial entre os sexos, que era de 4,1 anos em 2021, diminuiu para 3,7 anos em 2023, inferior ao de 2019 (3,8 anos).

As estimativas indicam a consolidação do processo de recuperação da esperança de vida paulista e apontam para novas tendências de crescimento, que muito provavelmente darão continuidade aos progressos registrados no passado.

APRESENTAÇÃO

A análise da dinâmica demográfica da população paulista constitui importante linha de pesquisa da Fundação Seade, que tradicionalmente produz e divulga informações elaboradas com base nos dados coletados nos Cartórios de Registro Civil de todos os municípios do Estado de São Paulo. As estatísticas do Registro Civil assim produzidas estão integradas ao Sistema Estatístico Nacional, coordenado pelo IBGE, e constituem importante acervo de dados demográficos para o delineamento e monitoramento de políticas públicas. Esses dados viabilizam a elaboração de diversos indicadores focados na análise demográfica e na elaboração de projeções populacionais detalhadas por idade e sexo, para todos os municípios e regiões do Estado e distritos da capital. Entre esses indicadores destaca-se a esperança de vida, que expressa a duração média de vida dos indivíduos de uma população e constitui relevante indicador-síntese do nível da mortalidade, refletindo diretamente as condições de saúde da população. Trata-se de indicador amplamente disseminado no mundo, com sua definição compartilhada por muitos centros de pesquisa nacionais e internacionais, em especial pelas Nações Unidas, visando comparações regionais. Ressalte-se que as estatísticas produzidas pela Fundação Seade possibilitam estimar e acompanhar anualmente a evolução da expectativa de vida no Estado de São Paulo, tendo sido objeto de análise em vários estudos anteriores.

De acordo com as estimativas da Divisão de População das Nações Unidas, para 2023, a duração média de vida da população mundial é de 73,2 anos. As regiões que apresentam vida média mais elevada são América do Norte (79,6), Oceania (79,1) e Europa (79,1). O conjunto dos países da América Latina e Caribe aparece com nível de 75,7 anos, Ásia com 74,6 e África com 63,8. Nesse contexto, o Brasil (75,9 anos) situa-se praticamente na média latino-americana, enquanto o Estado de São Paulo, com 77,2 anos, posiciona-se entre a média da América do Sul (76,2) e a da Europa (79,1) (United Nations, 2024).

O atual estudo se propõe a analisar alguns aspectos relevantes relacionados à evolução recente da esperança de vida em São Paulo, sinalizando de forma concisa as novas tendências, em especial a retomada de seu crescimento a partir de 2022 e sua continuação em 2023, recuperando os anos de vida média perdidos durante a pandemia.

  1.  EVOLUÇÃO RECENTE DA ESPERANÇA DE VIDA

    A esperança de vida ao nascer da população residente no Estado de São Paulo foi estimada em 77,2 anos, em 2023, tendo por base as estatísticas do Registro Civil elaboradas pela Fundação Seade. A atualização desse indicador mostra que houve aumento de quase um ano de vida média em relação ao nível de 2022 (76,3 anos), situando-se acima dos acréscimos médios anuais registrados na década passada e superando o maior nível de vida média estadual alcançada antes da pandemia (77,0 anos em 2019).

    Vale lembrar que o extraordinário avanço de quatro anos de vida média acumulado em somente dois anos (2022 e 2023) confirma a recuperação dos indicadores de longevidade após rápido declínio causado pela alta mortalidade durante o período da pandemia de Covid-19 (2020 e 2021) e aponta para a retomada da tendência histórica de crescimento da esperança de vida paulista.

    A evolução desse indicador no Estado de São Paulo, entre 2000 e 2023, ilustrada no Gráfico 1, deixa evidente a ascensão da vida média paulista, que passou de 71,5 para 77,2 anos, com acréscimo total de 5,7 anos nesse período.

    Em relação aos primeiros 19 anos do século XXI, constatou-se acréscimo de 5,5 anos na vida média paulista, ou 3,5 meses a cada ano. Esse progresso, entretanto, ocorreu de forma diferenciada: entre 2000 e 2010 houve aumento de 3,5 anos (4,2 meses a cada ano), enquanto de 2010 a 2019 o incremento foi de dois anos, ou seja, em média 2,7 meses a cada ano (Ferreira et al., 2023).

    A evolução da esperança de vida até 2019 está diretamente associada aos progressos ocorridos nas condições de saúde da população, relacionados com a menor incidência de diversas causas de morte e redução de mortes precoces, assegurando aumento contínuo da duração média de vida. Destaca-se o declínio de causas referentes à mortalidade infantil, como as “afecções originadas no período perinatal”, às “causas externas” predominantes entre adultos jovens masculinos e às “doenças do aparelho circulatório” entre adultos maduros e idosos, além de outras causas que também diminuíram nesse período.

    Gráfico 1 – Evolução da esperança de vida ao nascer e das taxas de mortalidade padronizadas

    Estado de São Paulo, 2000-2023

    Mais recentemente, com o avanço da pandemia em 2020 e 2021, a mortalidade se expandiu excepcionalmente: as estatísticas do Registro Civil produzidas pela Fundação Seade indicam ocorrência de 429 mil óbitos entre os residentes no Estado de São Paulo durante 2021, o que representa 82 mil mortes a mais do que em 2020 e 126 mil a mais do que em 2019, revelando incremento de 42% no número de mortes em relação ao último ano sem pandemia (Ferreira, et al., 2020 e 2022). A excepcionalidade desses acréscimos no número de mortes se observa também na evolução das taxas padronizadas de mortalidade, que confirmam cenário de redução dos riscos de morte até 2019 e de aumento extraordinário nos dois anos de pandemia.

    Dessa forma, a evolução da mortalidade durante a pandemia impactou diretamente no número médio de anos de vida da população paulista, causando redução do indicador em 1,2 ano em 2020 e 2,6 anos em 2021, totalizando 3,8 anos de vida média perdidos durante a pandemia em relação ao patamar de esperança de vida alcançado em 2019.

    Na sequência estatística, a recuperação ocorre em 2022 e 2023, que juntos acumulam quatro anos a mais de vida média em relação a 2021, refletindo o recuo da mortalidade por Covid-19 em consequência dos intensos esforços e intervenções na área da saúde pública visando o tratamento e a prevenção da doença. A linha de tendência das taxas de mortalidade padronizadas ratifica esse processo, mostrando a queda dos riscos de morte nos últimos dois anos e atingindo em 2023 um nível inferior ao de 2019.

    O Gráfico 2 reproduz a tendência de ganhos e perdas na esperança de vida no período de 2000 a 2023, apresentando a sequência de incrementos e decrementos anuais do indicador em relação ao patamar de 2000. As variações anuais do indicador até 2019 foram sempre positivas e inferiores a um ano, acumulando diferença crescente em relação a 2000 (5,5 anos).

    Gráfico 2 – Ganhos e perdas na esperança de vida ao nascer

    Estado de São Paulo, 2000-2023, em anos

    O período entre 2020 e 2021 está visualmente marcado pelos anos de vida perdidos, que totalizam 3,8 anos, retrocedendo a esperança de vida paulista ao patamar de 17 anos antes (2004).

    O processo de recuperação da vida média após a pandemia torna-se evidente em 2022, quando o ganho anual foi de 3,1 anos, e em 2023, com acréscimo de 0,9 ano, proporcionando um indicador de vida média (77,2 anos) superior ao de 2019 (77,0 anos), o que sugere a consolidação de nova etapa nesse processo.

    Os níveis de esperança de vida ao nascer estimados pelas Nações Unidas para as grandes regiões geográficas do mundo mostram que o indicador para 2023 também alcançou o de 2019 em todas as regiões: na América do Sul, por exemplo, a vida média, que era de 75,9 anos em 2019, passou para 76,2 em 2023; na América Latina e Caribe, ampliou-se de 75,3 para 75,7 anos; na América do Norte, de 79,3 para 79,6; e, na Europa, de 78,8 para 79,1 anos.

    É interessante analisar o comportamento evolutivo para a população masculina e feminina, com observação mais detalhada dos indicadores por sexo.

  2. S DIFERENCIAIS POR SEXO

    No Estado de São Paulo, em 2023, a esperança de vida masculina foi estimada em 74,0 anos, com aumento de um ano em relação a 2022 (73,0 anos). Por sua vez, esse indicador para a população feminina atingiu 80,3 anos, o que representa acréscimo de 0,9 ano na comparação com 2022 (79,4 anos).

    Dessa forma, os ganhos de vida média acumulados em 2022 e 2023 foram 4,3 anos, para a população masculina, e 3,6 anos, para a feminina, assegurando a recuperação das perdas ocorridas durante a pandemia (2020 e 2021), que somaram 4,1 e 3,4 anos, respectivamente. O saldo do balanço desses indicadores anuais segundo o sexo, entre 2019 e 2023, mostra que a esperança de vida em 2023 superou em 0,2 ano, igualmente em cada sexo, os níveis registrados no último ano anterior à pandemia. O diferencial entre sexos, que era de 7,0 anos em 2021, diminuiu para 6,3 anos em 2023, voltando ao valor observado em 2019.

    Gráfico 3 – Esperança de vida ao nascer, segundo sexo

    Estado de São Paulo, 2019-2023, em anos

    A análise das taxas de mortalidade por idade, tanto para homens como para mulheres, mostra os deslocamentos por faixa etária, refletindo aumentos na mortalidade durante o período da pandemia (Gráfico 4). A curva de mortalidade referente a 2021, por exemplo, se desloca nas idades adultas em direção à curva de 2000, para ambos os sexos, alcançando ou mesmo superando os níveis de mortalidade daquele momento. O deslocamento torna-se mais visível depois da idade de 20 anos, apesar de entre os homens os níveis mais elevados de 2000 somente serem alcançados depois de 40 anos de idade. Entre as mulheres, esse movimento de retrocesso já começa aos 20 anos, quando passa a superar os níveis de mortalidade de 2000. Fica evidente, portanto, que a elevação da intensidade das taxas de mortalidade por idade, no período da pandemia de Covid-19, se concentra mais entre adultos e idosos, havendo, entretanto, sinais de estabilidade ou decréscimo no grupo infanto-juvenil em relação aos níveis anteriores da curva de 2019. Esse padrão evolutivo também foi registrado pelas Nações Unidas durante a pandemia em várias regiões e países, inclusive na América Latina.

    Gráfico 4 – Taxas de mortalidade, por idade, segundo sexo

    Estado de São Paulo, 2000-2023

    A curva de 2023 apresenta recuo importante em relação à de 2021 e explica o aumento de quatro anos na esperança de vida ao nascer, para ambos os sexos, ocorrido no período de dois anos. Por outro lado, as curvas de 2019 e 2023 tornam-se contíguas, o que também explica a proximidade dos valores respectivos de vida média.

    A análise do comportamento evolutivo foi realizada até aqui para o total do Estado, mas há evidências de diferenciais regionais que suscitam uma abordagem mais detalhada sobre essa questão.

  3. PADRÕES EVOLUTIVOS REGIONAIS

    Para efeito de uma primeira apreensão dos diferenciais regionais de evolução dos indicadores de vida média, consideraram-se a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), o interior (Estado menos RMSP) e a capital. Essa abordagem regional sucinta condiz com a extensão e objetivos do presente trabalho e assegura o volume populacional necessário para a elaboração de indicadores anuais com estatísticas do registro civil e o cálculo detalhado da esperança de vida por sexo.

    Os resultados dessa comparação estão na Tabela 1, que exibe os indicadores de esperança de vida ao nascer por sexo e para a regionalização adotada. Os Gráficos 5 e 6 elaborados com esses indicadores possibilitam melhor visualização de tendências e padrões regionais.

    Gráfico 5 – Esperança de vida ao nascer, por regiões

    Estado de São Paulo, 2019-2023, em anos

    A primeira leitura dos resultados chama atenção para a recuperação dos níveis de vida média em todas as regiões. Em 2023, os indicadores de esperança de vida ao nascer das regiões analisadas alcançaram ou ultrapassaram o patamar do último ano imediatamente anterior à pandemia (2019). No município de São Paulo, a estimativa passou de 77,9 anos, em 2019, para 78,5 anos, em 2023, na Região Metropolitana de São Paulo, de 77,2 para 77,7 anos, e, no interior, de 76,9 para 76,8 anos.

    Para a população masculina, a esperança de vida passou de 74,4 para 75,0 anos, na capital, de 73,8 para 74,2 anos, na RMSP, e de 73,8 para 73,8 anos, no interior. Já entre as mulheres, o indicador, respectivamente para as mesmas regiões, passou de 81,0 para 81,6 anos, de 80,3 para 80,8 anos e de 80,0 para 79,9 anos. Vale ressaltar que o maior acréscimo de vida média ocorreu no interior em 2022, para a população masculina. Esse aumento, somado ao de 2023, totaliza 4,4 anos e se destaca como o maior ganho regional, compensando o decréscimo total registrado durante a pandemia (2020 e 2021), que também foi de 4,4 anos.

    Por outro lado, os maiores decréscimos de vida média em 2020 ocorreram igualmente na RMSP e no município de São Paulo, entre os homens, que registraram menos 2,1 anos em relação a 2019. Já em 2021, a maior redução foi verificada no interior (ESP-RMSP), também para a população masculina, que perdeu 3,3 anos na vida média.

    Tabela 1 – Esperança de vida ao nascer (e0) e diferença anual, por regiões

    Estado de São Paulo, 2019-2023, em anos

    Sexo/Ano Estado de

    São Paulo

    RMSP Interior

    (ESP-RMSP)

    Município de

    São Paulo

    e0 Dif.
    anual
    e0 Dif.
    anual
    e0 Dif.
    anual
    e0 Dif.
    anual
    Total

    2019

    77,0

    77,2

    76,9 77,9

    2020

    75,8

    -1,2

    75,5

    -1,7

    76,0 -0,9 76,2 -1,7

    2021

    73,2

    -2,6

    73,6

    -1,9

    72,7 -3,3 74,5 -1,7

    2022

    76,3

    3,1

    76,6

    3,0

    76,0 3,3 77,5 3,0

    2023

    77,2

    0,9

    77,7

    1,1

    76,8 0,8 78,5 1,0
    Homens
    2019 73,8 73,8 73,8 74,4
    2020 72,3 -1,5 71,7 -2,1 72,7 -1,1 72,3 -2,1
    2021 69,7 -2,6 69,9 -1,8 69,4 -3,3 70,7 -1,6
    2022 73,0 3,3 73,1 3,2 72,9 3,5 74,0 3,3
    2023 74,0 1,0 74,2 1,1 73,8 0,9 75,0 1,0
    Mulheres
    2019 80,1 80,3 80,0 81,0
    2020 79,2 -0,9 79,1 -1,2 79,4 -0,6 79,7 -1,3
    2021 76,7 -2,5 77,2 -1,9 76,2 -3,2 78,1 -1,6
    2022 79,4 2,7 79,9 2,7 79,1 2,9 80,6 2,5
    2023 80,3 0,9 80,8 0,9 79,9 0,8 81,6 1,0
  4.  SOBREVIVÊNCIA DOS IDOSOS

    A expectativa de vida para a idade de 60 anos configura um indicador da sobrevivência dos idosos ao expressar a duração média de vida adicional esperada para as pessoas que atingiram essa idade.

    A esperança de vida aos 60 anos, para o Estado de São Paulo em 2023, atingiu 22,6 anos, o que representa acréscimo de três anos de vida média em relação ao valor estimado para 2000 (19,6 anos).

    A nítida tendência de crescimento da longevidade observada no período mencionado sofreu interrupção em 2020 e 2021, com o advento da pandemia e o rápido aumento da mortalidade entre os idosos.

    Houve forte retração da expectativa de vida aos 60 anos, que diminuiu de 22,3 anos em 2019, para 21,4 anos em 2020 e 20,1 anos em 2021. Na sequência, com a queda da mortalidade por Covid-19 induzida pelas políticas públicas e intervenções sanitárias adotadas, houve importante recuperação da vida média em 2022, com acréscimo de 1,6 ano no patamar de 2021, atingindo 21,7 anos, e continuando a crescer em 2023, com incremento de mais 0,9 ano.

    Vale destacar a velocidade da recuperação para o grupo de idosos, com aumento de 2,5 anos de vida média em dois anos (2022 e 2023), superando o valor do indicador registrado no último ano anterior à pandemia. Essas estimativas indicam relevante avanço, pois, além de compensar os anos de vida perdidos, resgatam a tendência de crescimento da longevidade.

    A análise dos indicadores por sexo, para 2023, indica que a expectativa de vida para a idade de 60 anos entre as mulheres atingiu 24,3 anos, enquanto para os homens o valor foi de 20,6 anos. Em ambos os casos, os indicadores atuais superam aqueles de 2019, sendo que o diferencial entre sexos, que era de 4,1 anos em 2021, diminuiu para 3,7 anos em 2023, ligeiramente inferior ao observado em 2019 (3,8 anos).

    A análise dos diferenciais regionais de esperança de vida aos 60 anos revela tendência similar à observada para a população paulista total, apesar de desiguais na intensidade das mudanças registradas. O processo de recuperação foi verificado em todas as regiões analisadas, que alcançaram ou superaram os valores de 2019, tanto na população total, como na masculina e na feminina.

    Gráfico 6 – Evolução da esperança de vida aos 60 anos, por regiões

    Estado de São Paulo, 2019-2023, em anos

Tabela 2 – Esperança de vida aos 60 anos (e60) e diferença anual

Estado de São Paulo, 2019-2023, em anos

 

Sexo/Ano Estado de
São Paulo
RMSP Interior (ESP-RMSP) Município de São Paulo
e60 Dif.

anual

e60 Dif.

anual

e60 Dif.

anual

e60 Dif.

anual

Total
2019 22,3 22,6 22,2 23,1
2020 21,4 -0,9 21,3 -1,3 21,5 -0,7 21,8 -1,3
2021 20,1 -1,3 20,3 -1,0 19,8 -1,6 21,0 -0,8
2022 21,7 1,6 22,2 1,9 21,4 1,6 22,8 1,8
2023 22,6 0,9 23,1 0,9 22,3 0,9 23,7 0,9
Homens
2019 20,3 20,4 20,2 20,9
2020 19,2 -1,1 18,8 -1,6 19,4 -0,8 19,3 -1,6
2021 17,9 -1,3 17,9 -0,9 17,8 -1,6 18,5 -0,8
2022 19,7 1,8 20,0 2,1 19,5 1,7 20,5 2,0
2023 20,6 0,9 20,9 0,9 20,4 0,9 21,4 0,9
Mulheres
2019 24,1 24,3 23,9 24,9
2020 23,3 -0,8 23,3 -1,0 23,4 -0,5 23,9 -1,0
2021 22,0 -1,3 22,3 -1,0 21,8 -1,6 23,0 -0,9
2022 23,6 1,6 24,0 1,7 23,2 1,4 24,5 1,5
2023 24,3 0,7 24,9 0,9 23,9 0,7 25,5 1,0

 

5. VIDA MÉDIA ESPERADA EM 2023

Outra referência para avaliar o processo de recuperação dos níveis de esperança de vida da população residente no Estado de São Paulo consiste na comparação do indicador observado com aquele “esperado” em 2023, se não tivesse ocorrido a pandemia. Desse modo, a proximidade entre esses dois indicadores sinalizaria não somente o retorno a patamares anteriores à pandemia, mas também o resgate da tendência histórica de crescimento da esperança de vida paulista.

A estimativa da vida média esperada para o período 2020 a 2023 foi realizada por intermédio da extrapolação da tendência observada da esperança de vida anual, entre 2010 e 2019, projetada até 2023. Isso significa dizer que a vida média esperada é resultado de uma simulação que teve por base a hipótese de que seu valor corresponderia àquele determinado pela linha de tendência da série histórica dos indicadores.

Um primeiro olhar sobre os resultados apresentados no Gráfico 7 mostra a rápida restauração dos indicadores em relação aos patamares de 2019. Em 2023, os indicadores de esperança de vida ao nascer, para ambos os sexos, em todas as regiões analisadas, atingiram ou superaram o patamar do último ano imediatamente anterior à pandemia e avançaram em direção ao valor esperado, com maiores aproximações na RMSP e na capital, refletindo ritmos de recuperação mais rápidos do que no interior. Vale lembrar a existência de comportamentos regionais diferenciados tanto na expansão dos índices de mortalidade durante a pandemia, quanto na redução verificada posteriormente. Esta heterogeneidade se traduz em ritmos de progresso da vida média regionalmente distintos.

Gráfico 7 – Evolução da esperança de vida ao nascer e projeção da tendência de crescimento, por regiões

Estado de São Paulo, 2010-2023, em anos

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É marcante a recuperação dos níveis de vida média e sobrevivência da população paulista em face dos anos de vida perdidos durante a pandemia, com retorno aos patamares registrados no ano imediatamente anterior ao início da pandemia, ou mesmo superando essa referência e direcionando-se para a tendência histórica de crescimento desse indicador.

Os anos de 2020 e 2021 estão fortemente marcados pelos anos de vida média perdidos que totalizaram 3,8 anos, retrocedendo a esperança de vida paulista observada em 2021 ao patamar de 17 anos atrás (2004).

O processo de recuperação da crise de mortalidade torna-se evidente a partir de 2022, com ganho anual de 3,1 anos, e em 2023, com acréscimo de 0,9 ano, resultando em indicador de vida média de 77,2 anos, superior ao de 2019 (77,0 anos). Estes resultados sugerem a consolidação de nova etapa importante no resgate do crescimento da esperança de vida da população residente no Estado de São Paulo. Esse comportamento evolutivo aqui verificado assemelha-se ao que vem ocorrendo mundialmente, como apontam os indicadores regionais das Nações Unidas.

Em síntese, passaram-se dois anos de avanço extraordinário de um indicador que reflete diretamente o processo de controle e superação da crise de mortalidade causada pela pandemia de Covid-19. A implementação de políticas públicas e intervenções sanitárias, que visaram o tratamento e a prevenção da doença, destacando-se a vacinação massiva contra o vírus, permitiu o resgate das condições de saúde e sobrevivência da população paulista.

As estimativas indicam o avanço consolidado da esperança de vida paulista e apontam novas tendências de crescimento que muito provavelmente darão continuidade aos progressos registrados no passado.

REFERÊNCIAS

FERREIRA, C. E. de C.; CASTIÑEIRAS, L. L. Esperança de vida volta a crescer no Estado de São Paulo em 2022. Fundação Seade, 2023. (SP Demográfico, ano 23, n.1).

FERREIRA, C. E. de C.; MAIA, P. B.; WALDVOGEL, B. C.; CASTIÑEIRAS, L. L. Dimensões da mortalidade no Estado de São Paulo em 2021: tendências, padrões e diferenças regionais. São Paulo: Fundação Seade, 2022. (SP Demográfico, ano 22, n. 1). Disponível em: https://produtos2.seade.gov.br/produtos/midia/2022/07/ SPdemografico-dimensoes-mortalidadeestado-sao-paulo-2021.pdf.

FERREIRA, C. E. de C.; CASTIÑEIRAS, L. L.; MAIA, P. B. O que mostram os registros de óbitos de 2018? Tendências e padrões demográficos no Estado de São Paulo. São Paulo: Fundação Seade, 2020. (SP Demográfico, ano 20, n. 1). Disponível em: https://produtos2.seade.gov.br/produtos/midia/2020/01/Seade-SPDemografico- Mortalidade.pdf.

FUNDAÇÃO SEADE. Seade Estatísticas Vitais. Disponível em: https://estatisticasvitais.seade.gov.br/.

FUNDAÇÃO SEADE. Seade Mortalidade. Disponível em: https://mortalidade.seade. gov.br/

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